sexta-feira, 29 de maio de 2009
A CAUDA LONGA DO JORNALISMO
Esse texto é um resumo de uma matéria publicada no site dos Jornalistas da Web, chamada “A Cauda Longa do Jornalismo” feita por João Carlos Rebello Caribe no dia 02/06/2008.
A humanidade tem mania de tratar como se fosse apocalíptica, as evoluções e transições que chegam ao mundo, como por exemplo, a TV, o radio e a internet. Só que a internet demorou a aparecer mundialmente, porque não tinha um enfoque das pessoas e também não havia soluções que dessem margem ao jornalismo colaborativo, ou jornalismo crowdsourcing, uma ferramenta para inovação, utilizado para gerar novas ideias e reduzir os custos, os tempos de investigações e de desenvolvimento de projetos, criando assim uma relação direta e uma ligação sentimental com os clientes.
Só que a internet cresceu e atingiu a população mundial, através dos blogs, microblogging, fotoblogs, videoblogs, mapas, mashups, dando um maior espaço para o jornalismo crowdsourcing. Mas, além disso, criou-se um debate entre o jornalismo tradicional e o jornalismo colaborativo, onde o tradicional dizia que o crowdsourcing era imaturo e o crowdsourcing dizia que o tradicional era antigo.
Essa comparação era impossível de ser feita, porque a internet revolucionou o mundo virtual e as relações econômicas e pessoais. Isso foi explicado por Chris Anderson em seu livro “A Cauda Longa”, onde ele fala que a internet atingiu nichos não aceitos e até mesmo desconhecidos, fazendo com que a cauda longa se tornasse maior que o mainstream (comum) ou a cabeça da cauda longa, crescendo cada vez mais e fazendo com que as pessoas achassem as suas verdadeiras tribos. A diferença entre esses dois jornalismos era que o tradicional estava focalizado no comum, enquanto a imprensa na cauda longa.(Ver 1ª Cauda Longa)
O que acontecia era que a internet permitia conectar os nichos com os interesses similares, formando os meganichos que estavam presentes no inicio da cauda perto do mainstream. Sendo assim, quanto maior fosse o nicho, mais genérica a informação.
A grande tendência que se esperava dos meganichos era que eles crescessem cada vez mais, tanto em quantidade quanto em tamanho, gerando assim dois movimentos na cauda: que ela engordasse e se alongasse. Engordasse porque os meganichos estavam crescendo e alongasse, pois, com isso acontecendo, novos nichos iam surgir.(Ver 2ª Cauda Longa)
A informação também era importante, pois as pessoas que estavam conectadas tinham pressa em saber o que estava acontecendo no momento e queriam interagir com a notícia. Por isso, que o jornalismo cidadão ou colaborativo era mais importante, pois ele era eficiente para os seus apreciadores e isso o jornalismo tradicional devia entender e começar a estudar.
A QUESTÃO DA CONFIABILIDADE
A credibilidade do jornalismo social foi sempre questionada pelos veículos tradicionais, que diziam que o jornalismo social não era confiável. Pode ser uma meia verdade, porque o jornalismo tradicional também já cometeu gafes. Para que a confiabilidade do jornalismo tradicional não fosse questionada, era preciso que ele buscasse um maior número de fontes para confirmar tal notícia. Com isso, era possível o leitor saber identificar se aquilo era ou não confiável.
O microblogging foi considerado um grande aliado do jornalismo social, assim como o Twitter, pois possuíam um grande número de fontes e também pela velocidade e interação dos mesmos.
quinta-feira, 28 de maio de 2009
METODOLOGIAS ÁGEIS
Essa matéria fala um pouco sobre o que são metodologias ágeis, para que servem e o que isso nos ajuda hoje em dia. Essa matéria foi publicada no site da CCW - Clube de Criação We, feito por Manoel Lemos.
Metodologias ágeis buscam prover um modo de trabalho para o desenvolvimento de software que ataca os riscos mais comuns desta atividade. Este modo é baseado em princípios que, ao contrário de outras metodologias mais pesadas e formais, valorizam garantir a satisfação do usuário através de ciclos curtos de desenvolvimento, chamados de iterações, e da interação freqüente dos desenvolvedores e outros atores envolvidos no processo.
Garantindo que a cada iteração tenha-se uma aplicação usável, os métodos ágeis atacam os riscos comuns dos métodos que envolvem um grande esforço de planejamento e especificação antes de se iniciar o desenvolvimento propriamente dito. A comunicação constante e em tempo real dos desenvolvedores (preferencialmente de maneira presencial) ataca os problemas de comunicação e entendimento e, ao mesmo tempo, evitam a necessidade de documentação formal e extensiva. A cada ciclo novos requisitos são atendidos e novas funcionalidades adicionadas ao produto. Desta maneira projetos de todas os portes podem ser desenvolvidos com os métodos ágeis.
Os métodos ágeis têm seus princípios fundamentais descritos no Manifesto para o Desenvolvimento Ágil de Software. O Manifesto Ágil (http://agilemanifesto.org/) foi rascunhado em Fevereiro de 2001 por 17 desenvolvedores, dentre eles alguns dos maiores defensores destas metodologias como Kent Beck, Martin Fowler e Ken Schwaber. O manifesto
declara 4 princípios:
* Indivíduos e interações sobre processos e ferramentas.
* Software funcional sobre documentação extensiva.
* Colaboração com o cliente sobre a negociação de contratos.
* Responder a mudanças sobre seguir um plano.
Tendo trabalhado tanto com os métodos mais tradicionais (planejados e cascata) e com métodos ágeis como Scrum e XP, tenho clareza de que os métodos ágeis oferecem uma vantagem sem comparações para aplicações onde os requisitos mudam constantemente como é o caso das aplicações web. Porém, é fundamental que toda a organização abrace a nova maneira de se fazer software em sua plenitude, pois o risco de se acabar com um processo disfuncional é grande caso isto não aconteça. Outra ponto que temos observado na WebCo Internet (onde desenvolvemos o BlogBlogs e o Brasigo) é que o uso apenas de uma metodologia ágil como Scrum, no caso, não traz todo o potencial esperado para o trabalho. É fundamental que também se adote conceitos de engenharia de software adequados ao trabalho em questão. No nosso caso temos adotado, além do Scrum, alguns conceitos de Programação Extrema (XP ou Extreme Programming) como Desenvolvimento Orientado a Testes (TDD ou Test Driven Development), Programação em Pares (Pair Programming) e Integração Contínua.
O maior risco, em minha opinião, para os métodos ágeis é o de abraçá-los parcialmente ou com a atitude errada. É fundamental o engajamento de toda a organização, o contato constante da equipe e a presença do cliente ou seu representante (o Scrum Master no caso do Scrum). Por outro lado, quando aplicado corretamente os métodos ágeis trazem, gradativamente, o desenvolvimento sustentável e eficiente. Por fim, nunca confunda pressa com eficiência.
Metodologias ágeis buscam prover um modo de trabalho para o desenvolvimento de software que ataca os riscos mais comuns desta atividade. Este modo é baseado em princípios que, ao contrário de outras metodologias mais pesadas e formais, valorizam garantir a satisfação do usuário através de ciclos curtos de desenvolvimento, chamados de iterações, e da interação freqüente dos desenvolvedores e outros atores envolvidos no processo.
Garantindo que a cada iteração tenha-se uma aplicação usável, os métodos ágeis atacam os riscos comuns dos métodos que envolvem um grande esforço de planejamento e especificação antes de se iniciar o desenvolvimento propriamente dito. A comunicação constante e em tempo real dos desenvolvedores (preferencialmente de maneira presencial) ataca os problemas de comunicação e entendimento e, ao mesmo tempo, evitam a necessidade de documentação formal e extensiva. A cada ciclo novos requisitos são atendidos e novas funcionalidades adicionadas ao produto. Desta maneira projetos de todas os portes podem ser desenvolvidos com os métodos ágeis.
Os métodos ágeis têm seus princípios fundamentais descritos no Manifesto para o Desenvolvimento Ágil de Software. O Manifesto Ágil (http://agilemanifesto.org/) foi rascunhado em Fevereiro de 2001 por 17 desenvolvedores, dentre eles alguns dos maiores defensores destas metodologias como Kent Beck, Martin Fowler e Ken Schwaber. O manifesto
declara 4 princípios:
* Indivíduos e interações sobre processos e ferramentas.
* Software funcional sobre documentação extensiva.
* Colaboração com o cliente sobre a negociação de contratos.
* Responder a mudanças sobre seguir um plano.
Tendo trabalhado tanto com os métodos mais tradicionais (planejados e cascata) e com métodos ágeis como Scrum e XP, tenho clareza de que os métodos ágeis oferecem uma vantagem sem comparações para aplicações onde os requisitos mudam constantemente como é o caso das aplicações web. Porém, é fundamental que toda a organização abrace a nova maneira de se fazer software em sua plenitude, pois o risco de se acabar com um processo disfuncional é grande caso isto não aconteça. Outra ponto que temos observado na WebCo Internet (onde desenvolvemos o BlogBlogs e o Brasigo) é que o uso apenas de uma metodologia ágil como Scrum, no caso, não traz todo o potencial esperado para o trabalho. É fundamental que também se adote conceitos de engenharia de software adequados ao trabalho em questão. No nosso caso temos adotado, além do Scrum, alguns conceitos de Programação Extrema (XP ou Extreme Programming) como Desenvolvimento Orientado a Testes (TDD ou Test Driven Development), Programação em Pares (Pair Programming) e Integração Contínua.
O maior risco, em minha opinião, para os métodos ágeis é o de abraçá-los parcialmente ou com a atitude errada. É fundamental o engajamento de toda a organização, o contato constante da equipe e a presença do cliente ou seu representante (o Scrum Master no caso do Scrum). Por outro lado, quando aplicado corretamente os métodos ágeis trazem, gradativamente, o desenvolvimento sustentável e eficiente. Por fim, nunca confunda pressa com eficiência.
sexta-feira, 22 de maio de 2009
Cauda Longa
Boa noite, querido leitor! Para começarmos bem nosso blog e você conseguir entender um pouco mais sobre o tema abordado em nosso blog, vamos começar postando uma entrevista exclusiva com Chris Anderson, editor-chefe da revista americana Wired. Tal entrevista foi publicada pela revista Época, na edição nº 433, do dia 01/09/2006.
Íntegra da entrevista com Chris Anderson
GUILHERME RAVACHE
O jornalista Chris Anderson tem 44 anos e escreveu o livro A Cauda Longa (Campus/Elsevier), no qual defende o crescimento dos mercados de nicho. É formado em Física, trabalhou nas revistas Science, Nature e The Economist. Hoje é editor-chefe da revista americana Wired.
Atualmente, duas coisas são indispensáveis nas apresentações em empresas americanas, principalmente as do Vale do Silício: uma exibição em Power Point e a menção ao conceito "Long Tail". Criada em 2004 pelo jornalista Chris Anderson, editor-chefe da revista Wired, a expressão surgiu por causa do gráfico matemático que lembra uma "cauda longa" e demonstra que a cultura e a economia estão rapidamente mudando seu foco - de um relativamente pequeno número de hits (produtos que vendem muito no grande mercado) para um grande número de produtos de nicho. No mês passado, Anderson lançou o livro Long Tail nos Estados Unidos, no qual explica a teoria. Agora a obra, traduzida como A Cauda Longa (Campos/Elsevier), é lançada no Brasil. A seguir, o autor fala da teoria e suas aplicações.
ÉPOCA - O que é a teoria da Cauda Longa?
Chris Anderson - A teoria da Cauda Longa diz que nossa cultura e economia estão mudando do foco de um relativo pequeno número de 'hits" (produtos que vendem muito no grande mercado) no topo da curva de demanda, para um grande número de nichos na cauda. Como o custo de produção e distribuição caiu, especialmente nas transações online, agora é menos necessário massificar produtos em um único formato e tamanho para consumidores. Em uma era sem problema de espaço nas prateleiras e sem gargalos de distribuição, produtos e serviços segmentados podem ser economicamente tão atrativos quanto produtos de massa.
ÉPOCA - Por que as empresas aderiram com tanto entusiasmo à teoria da Cauda Longa?
Chris Anderson -Porque a teoria é verdadeira. Mas também porque ela é uma figura de linguagem que descreve um fenômeno que está à nossa volta. Todos vemos a internet, todos vemos a mudança que ela está provocando, mas não tínhamos uma boa maneira para descrever essa mudança. Uma frase que descreve, de maneira simples, um fenômeno complexo é muito útil.
ÉPOCA - Sua teoria prega o crescimento dos nichos. Mais produtos, mais escolhas, para grupos menores de consumidores. Os hits estão com os dias contados?
Chris Anderson - Algumas pessoas que analisaram a teoria disseram que seria o fim dos hits, mas elas se enganaram. O livro não diz isso. O que digo é que o monopólio dos hits está comprometido. No século 20 havia os hits ou nada, no século 21 teremos os hits e os nichos. Os hits irão competir com milhares de produtos de nicho, mas sempre teremos hits. A conseqüência é que os mercados serão mais diversificados e cada vez menos concentrados.
ÉPOCA - Muito se comentou a respeito do filme Serpentes a Bordo como uma demonstração do poder da internet e dos mercados de nicho. Mas o filme decepcionou com uma bilheteria de US$ 15,2 milhões no primeiro final de semana de estréia nos EUA. Talvez o nicho não seja tão poderoso e eficiente, não?
Chris Anderson - A teoria prediz o surgimento de microhits e pequenas estrelas. Eles não são blockbusters, não são os mais populares livros, filmes ou discos. A questão é: o filme decepcionou ao estrear nos Estados Unidos? Mas esse era um filme destinado a ir a lugar nenhum. Era um filme que iria direto para o DVD, tradicionalmente seria ignorado no mercado. O ponto é que ele foi melhor do que poderia ter ido de outra forma. Aplique as regras de blockbusters para todos os filmes, a maior parte vai falhar porque a maioria não é blockbuster. E o modelo antigo diz: se você não é um blockbuster, um grande sucesso, você falhou. No mundo do blockbuster, US$ 100 milhões é pouco, mas no nicho, US$ 10 milhões pode ser muito. No nicho você não precisa gastar milhões em publicidade.
ÉPOCA - Em artigo na revista eletrônica Slate.com, Tim Wu, professor da Universidade Columbia, afirmou que a teoria da Cauda Longa não é aplicável, por exemplo, no negócio da exploração de petróleo. As pessoas que compram gasolina não teriam a possibilidade de recorrer ao nicho, quando o monopólio prevalece nesse setor.
Chris Anderson - Na verdade, ele está errado sobre o petróleo. Mas o ponto principal dele está certo, a teoria não pode ser aplicada em todo lugar. A teoria sobre o petróleo está errada. Os preços sobem porque as grandes companhias são ineficientes na exploração, mas estão surgindo pequenas companhias eficientes na exploração de petróleo com custos menores. Ele está certo ao dizer que a teoria não se aplica a tudo, mas eu nunca disse que ela se aplicava a tudo.
ÉPOCA - Em 2000 houve o estouro da bolha da internet. A teoria da Cauda Longa e a internet estão diretamente relacionadas. Se ocorrer um novo estouro da bolha, sua teoria não explode também?
Chris Anderson - Primeiro é preciso dizer que o estouro da bolha não foi um estouro da bolha da internet, foi um estouro da bolha de ações na bolsa de valores. A internet é definida pelo número de PCs, conexões e usuários, enfim, toda essa infra-estrutura. Todos esses números apontam que nada afetou a internet. Desde os anos 90, eles crescem. A avaliação que o mercado de ações fazia dessas empresas é que explodiu. Olhe o crescimento das empresas de internet e a bolha nunca existiu. Olhe para o mercado de ações e você verá grandes variações.
ÉPOCA - Como explicar o caso da American On Line, que já foi uma das maiores empresas de internet e hoje está em crise?
Chris Anderson - Isso acontece, companhias caem. A AOL era uma companhia de linha discada que não esteve apta para migrar para o mercado de conexões de banda larga. E provavelmente isso acontecerá com grandes companhias atuais. Yahoo, eBay, Google, Microsoft, Oracle. Algumas dessas empresas talvez tenham problemas no futuro e não estarão aptas a continuar dominando. Uma bolha estourando significa simplesmente que a evolução continua a acontecer no mercado.
ÉPOCA - Hoje, uma das expressões que mais se discutem é a cultura wiki, colaborativa. Seu livro surgiu de um artigo que você publicou em 2004, "A Cauda Longa", na revista Wired, e desde então você manteve um blog sobre o assunto. Como foi esse trabalho de colaboração?
Chris Anderson - Não escrevi o livro de maneira colaborativa, escrevi sozinho, mas a pesquisa foi feita de forma colaborativa. Quando você divide seus dados, idéias e informações, as pessoas respondem dando mais em troca. Você coloca uma idéia, pessoas ampliam e te devolvem. Essa é a natureza humana, pessoas querem colaborar e isso é muito legal. Wikipédia e muitas coisas funcionam com esse princípio. Isso aprimorou minha análise. Novas aplicações para as idéias surgiram. Talvez tenha sido mais uma conversa do que propriamente uma colaboração, mas a escrita foi totalmente individual e off-line, da maneira antiga.
ÉPOCA - Um livro à moda antiga? Como editor da Wired, uma revista de tecnologia, as pessoas não têm uma expectativa de algo inovador e moderno?
Chris Anderson - Nunca pensei nas coisas dessa maneira. Acho que se eu escrevo um livro da velha forma também é bom. Acontece que vivo neste mundo que descrevo, faço parte da indústria do blockbuster também, estou na grande mídia. Faço parte do mainstream, trabalho para a CondéNast (editora americana que publica revistas como Vogue, New Yorker e Vanity Fair). Mas na outra parte da minha vida, sou um blogueiro, estou no mercado de nicho. Mas é um mundo misturado, onde profissionais competem com amadores, a grande mídia concorre com mercados de nicho e o novo modelo, mas acho que vivo em ambos.
ÉPOCA - Grandes companhias americanas estão fazendo campanha junto a políticos e ao governo para passarem a cobrar um "pedágio" na internet, onde quem pagasse mais teria privilégios na rede. O que você acha disso?
Chris Anderson - Não gostaria de entrar nesse assunto. Acho um tema complicado e geralmente as pessoas interpretam de maneira errada comentários sobre o tema. Mas não penso que isso vá acontecer. Não acho que eles vão conseguir controlar a internet. Ela é muito distribuída, tem muitos participantes. Não estou preocupado com essa possibilidade.
ÉPOCA - Companhias de telecomunicação são inovadoras como deveriam?
Chris Anderson - Não, mas não devemos olhar para companhias de telecomunicação esperando inovações. Eles criam algumas inovações em infra-estrutura como fibra ótica, mas são basicamente empresas de infra-estrutura, o que eles devem fazer é estar disponíveis para todos.
ÉPOCA - Blogs, Wikipédia, sites como o YouTube, onde vídeos de pessoas anônimas são predominantes. Pode-se dizer que o século 21 será a era dos amadores?
Chris Anderson - Não um século só de amadores, mas os amadores irão dividir status com os profissionais. Será de ambos. O século 20 foi dos profissionais, o século 21 será o século onde amadores e profissionais competem.
ÉPOCA - Você é um dos palestrantes do Fórum Econômico Mundial. Por que aceitou o convite?
Chris Anderson - É uma oportunidade de conversar com muitas pessoas que, de outra maneira, eu não iria encontrar, pessoas de fora do mundo que eu freqüento. É uma chance para aprender sobre Oriente Médio, Ásia, Rússia, política petrolífera. Falo sobre tecnologia e pessoas podem aprender comigo, mas há outros aspectos do mundo com os quais não tenho contato no meu dia-a-dia.
ÉPOCA - Marx descreveu uma sociedade comunista como um lugar no qual "ninguém tem uma esfera exclusiva de atividade, mas cada um pode se aperfeiçoar em cada atividade que ele deseje... caçar pela manhã, pescar à tarde, cuidar do gado à noite e criticar depois do jantar". A teoria da Cauda Longa é de certa forma marxista?
Chris Anderson - Não vamos confundir. Marx foi um grande economista e estava certo em muitas coisas. Marx é lembrado pelo comunismo e a noção de que o Estado deveria controlar a economia, o que estava completamente errado. Mas como eu disse, foi um grande economista e fez observações muito perspicazes. Ele deveria ser lembrado pelos seus vários acertos.
ÉPOCA - Não seriam a internet e o sistema colaborativo de código aberto (Open Source) um tipo de socialismo eficaz?
Chris Anderson - Não acho. No socialismo, você tem o Estado no controle, a propriedade é coletiva mas controlada por um pequeno número de burocratas. Acho que o sistema Open Source se aproxima mais da anarquia, ninguém está no controle. E os comportamentos surgem dos indivíduos, e muitas vezes contrários ao poder institucional. É totalmente contrário ao Estado e o socialismo é favorável ao Estado.
ÉPOCA - Você é formado em Física, por que decidiu se tornar jornalista?
Chris Anderson - Essa é uma história complicada. A razão para eu ter estudado Física é que meus heróis eram cientistas como Robert Oppenheimer, físicos envolvidos no Projeto Manhattan (de 1942-1946, o projeto uniu cientistas em uma base militar para a construção da bomba atômica). Mas quando comecei a exercer a Física, todos os experimentos importantes desse tipo estavam sendo feitos em aparelhos que demandavam bilhões de dólares, como aceleradores de partículas, aquilo que meus heróis tinham feito não poderia ser feito nunca mais. A Física ficou menos empolgante e percebi que tinha escolhido o lado errado da ciência, talvez devesse ter feito Biologia. Então decidi escrever sobre Física e procurei jornais científicos. Trabalhei para a Science e Nature, isso me levou para a The Economist e, finalmente, a Wired. A Física me ajudou na análise de gráficos e interpretação de números.
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